Emicida se apresenta no Universo Paralello Festival, em Ituberá

Emicida apresenta o álbum "Sobre Crianças, Quadris, Pesadelos e Lições de Casa".

Para quem vai ao show do Emicida no Universo Paralello Festival (Palco Paralello, dia 29/12/2015) e quer saber mais sobre ele e seu novo disco, compartilho aqui no blog uma notícia e mais dois textos biográficos.

Atualmente um dos artistas mais importantes do cenario do Rap no Brasil, com apenas 30 anos, Emicida traz influências de variados estilos como o rap, hip hop, jazz, afrobeat, samba-rap e freestyle. O artista é referência não só para a música, mas também para a cultura negra, através de seu engajamento e luta contra o racismo.
Segue notícia publicada no site Uol:

Com novo disco, Emicida leva discussão sobre racismo às rádios

Tiago Dias
Do UOL, em São Paulo 12/08/2015 - 09h11


Quando Emicida lançou a música "Boa Esperança", a expectativa era de que seu novo álbum viesse voando como uma ruidosa pedrada no telhado de vidro da sociedade. De letra raivosa e clipe incendiário, que reconta a revolta da senzala em uma casa grande contemporânea, a canção é uma das poucas explosões em um álbum leve e pop.

O reggae "Passarinhos", com participação de Vanessa da Mata, e a bossa rap "Baiana", em dueto com Caetano Veloso, podem até fazer acreditar que o disco seja inofensivo. Ledo engano. Mesmo com o objetivo muito claro em abraçar um público além do rap, "Sobre Crianças, Quadris, Pesadelos e Lições de Casa" é um disco sobre negação do racismo no Brasil e o orgulho da negritude -- é para tocar na rádio, sim, mas é para fazer pensar também.

As rimas verborrágicas e violentas já não têm encontrado muito eco no rap popular. Em 2014, Racionais subverteu as expectativas com "Cores e Valores", considerado um disco americanizado demais pelos fãs xiitas, e Criolo se abriu ainda mais às influências da música brasileira com "Convoque seu Buda".

Emicida trilha esse caminho desde o EP"Doozicabraba e a Revolução Silenciosa"(2011), mas assim como seus ídolos e contemporâneos, dá um recado para quem acha que ele amarelou ao se abrir para o mainstream: "Eles querem que alguém que vem de onde nóiz vem seja mais humilde, baixe a cabeça, nunca revide / finja que esqueceu a coisa toda / Eu quero é que eles se f****", ele mesmo diz em "Mandume", ponto alto do disco.

A viagem de Emicida pela África deu ao rapper um fluxo de consciência. Como ele próprio conta em "Mufete", gravada por lá, Djavan avisou que quando ele tocasse os pés em Angola, a terra cantaria para ele. Se a influência na sonoridade não foi determinante, as letras do cantor são, em quase sua totalidade, um tratado dançante e animado sobre esses temas caros.

"8" é o melhor exemplo desses dois mundos de Emicida. Com sample de "Negro Drama", dos Racionais, e batida suingada, ele não amacia: "Finge que segregação é ficção tipo 'Fringe' / Assim arrancaram o nariz da esfinge, maluco / Acabou essa porra de 'o que vem de baixo não te atinge'. Truco!".

"Mãe" abre o álbum com as reminiscências de sua infância e da própria genitora. Acompanhado de piano climático, ele se recorda: "orgulhozão de andar com os bandidos, troxa, recitando Malcolm X, sem coragem de lavar umas louças". E arremata "Quando disser que vi Deus. Ele era uma mulher preta".

A sorte de tantas outras crianças como ele é tema de "Casa", onde compara que o futuro distópico do best-seller "Jogos Vorazes" é fichinha perto da periferia. E se faltam referências que fujam do mundo normativo, Emicida cria sua própria canção de ninar em"Amoras": "Que a doçura das frutinhas sabor acalanto / Fez a criança sozinha alcançar a conclusão / Papai que bom, porque eu sou pretinha também".

Na vinheta "Trabalhadores do Brasil", o escritor Marcelino Freire usa figuras da cultura afrodescendente para falar que a abolição ainda não aconteceu: "Seu branco safado! Ninguém aqui é escravo de ninguém!", sentencia.

As percussões tribais aparecem com mais destaque em "Mandume", agradável surpresa quase no fim do disco, em que Emicida dá espaço para novos rappers, como Drik Barbosa, Amiri, Rico Dalasam, Muzzike e Raphao Alaafin.

A rajada de rimas dura oito minutos, saúdam as religiões afro – frente a intolerância religiosa –e citam de Claudia Silva, baleada e arrastada por um camburão da PM, a maioridade penal.

A faixa faz lembrar as batalhas de rimas em São Paulo, local onde Emicida e tantos outros despontaram. Os novos nomes, aliás, seguem os preceitos de Emicida em unir, cada vez mais, o fervo com o protesto. Resta saber se a mensagem será captada.

Fonte: http://musica.uol.com.br/noticias/redacao/2015/08/12/com-disco-inspirado-na-africa-emicida-quer-falar-de-racismo-nas-radios.htm



Mais sobre Emicida:

Da zona norte de São Paulo, Emicida começou a se destacar em 2006, nas batalhas de freestyle. Lançou em 2009 a primeira mixtape, “Pra Quem Já Mordeu um Cachorro por Comida Até que eu Cheguei Longe”. Prensado em esquema caseiro e vendido a R$ 2, o trabalho fez o nome do MC correr todo o Brasil e iniciou uma trajetória que o levaria grandes festivais e turnês internacionais. O primeiro álbum, “O Glorioso Retorno de Quem Nunca Esteve Aqui”, foi lançado em 2013 e marcou presença no topo das principais listas especializadas, incluindo a da revista Rolling Stone, que o elegeu disco do ano. Em 2015 veio “Sobre Crianças, Quadris, Pesadelos e Lições de Casa”, inspirado em uma viagem por Angola e Cabo Verde.

Fonte: http://site.laboratoriofantasma.com/home/artistas/emicida/


Biografia

E.M.I.C.I.D.A

Enquanto Minha Imaginação Compor Insanidades Domino a Arte

A essa altura do campeonato, você provavelmente sabe algumas – ou todas – dessas coisas: que o Emicida afiou suas garras vencendo batalhas de rimas; que fez no esquema faça-você-mesmo singles e mixtapes e os vendeu de mão em mão até chegar às 30 mil cópias (até o agora, que é julho de 2011) ; que eternizou seu grito de guerra “A Rua é Nós” na cultura pop brasileira do século XXI; que fez bons clipes que garantiram visibilidade e têm milhões de plays no YouTube; que gravou com outros MCs, com funkeiros, roqueiros e sambistas; que tocou nos EUA; que seu falecido pai foi DJ de bailes Black; que conquistou a grande mídia especializada via mídia alternativa especializada e abriu uma possibilidade do rap estar de volta aos holofotes por aqui dum jeito que não acontecia há muito tempo; que montou seu time de trampo com o irmão e cantor Evandro Fióti e amigos de longa data e batizou a camarilha de Laboratório Fantasma; que gravou com produtores norte-americanos dos quais havia surrupiado uma base; que ele é profundamente influenciado por sua mãe, a Dona Jacira; que há quem o odeie; que ele não bebe ou fuma.

Mas, além de tudo isso, além dele ter entrado com a rua pelo seu computador e roubado sua atenção antes que você pudesse se dar conta, o que talvez ainda precise ser falado para além dos dados é que foi a perspectiva do Emicida a maior responsável por tudo que vem acontecendo. E isso da forma mais ampla possível, sua perspectiva como a sua arte do improviso: as maneiras de se comunicar diretamente com seu público em crescimento constante, com a mídia, e sua perspectiva de fazer música sem perder a noção que é preciso voltar ao começo a cada dia. Ouça atentamente e em ordem de lançamento suas músicas. O predicado maior do melhor do rap, que é transformar o cotidiano numa ficção crível e envolvente tem um colosso de exemplo na obra do Emicida. Sua capacidade de adaptação aos ambientes pelos quais circula, e a criação que ele consegue fazer a partir disso o colocam entre os grandes. Muito disso tudo, tanto em termos musicais quanto em matéria de negócios, vem também por ele ter entendido e colocado a levada (o que os norte-americanos tratam por “flow”) como a centralidade fundamental de suas composições. O balanço entre base, voz e letra, a malandragem da interpretação com os respiros e ataques. O rap brasileiro já apresentou e constantemente apresenta mestres da ginga vocal, mas o Emicida o faz sem que soe como malabarismo técnico. Ele faz com que coisas difíceis pareçam naturais, fluidas. E é assim que ele lida com a sua carreira também. Com afinco e gana – e de um jeito que as pessoas olham e o vêem no sapatinho. É porque o embaixador das ruas é o cara mais trabalhador do show business do Brasil.

Texto por André Maleronka.


A rua é Noiz.

https://m.facebook.com/EmicidaOficial?v=info&expand=1&nearby

Comentários

  1. Obrigada pelo texto! Estava msm precisando saber mais sobre ele, seus pensamentos e suas obras!

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    1. Valeu, Bruxinha! O cara é muito bom!
      Que bom que esse post foi útil para Vc! Fico muito feliz! Disponha sempre!!! Obrigado!!!

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